Adaptando um jogo

Não é segredo pra muitos de meus amigos: finalmente terminei Dark Souls II e como frequentemente acontece quando termino um bom jogo, filme ou série, fiquei me perguntando como seria um RPG de mesa dele.

Diversas vezes eu já tanto adaptei quanto joguei RPGs adaptados de diferentes tipos e digo com plena certeza de que não é uma tarefa tão simples quanto parece. Isso ocorre por diversos fatores, mas o principal é que cria uma certa expectativa a respeito do jogo. Vou citar alguns dos principais problemas e algumas dicas.

Decidi adaptar meu jogo favorito! E agora?

Ótimo! Parabéns por tomar essa decisão!

Antes de mais nada, você vai precisar de pessoas pra jogar o seu jogo e aí já entra a primeira dica: procure pessoas que já tiveram contato com o material original.

Não faça mais do mesmo!

As vezes somos tão fãs do material original que simplesmente não sentimos confiança o suficiente pra divergir ou mesmo queremos reviver aquela história de algum jeito. É importante lembrar que se os jogadores quisessem rever a história, eles simplesmente o fariam. Se estão jogando seu jogo é porque querem vivenciar aquilo e, portanto, a perspectiva da história e do jogo já são alteradas aí pela própria experiência dos jogadores e seus personagens.

Series e animes (shonens em especial) costumam cometer bastante esse erro, o que faz a qualidade dos mesmos caírem significativamente. Na medida em que as coisas vão se repetindo, muitos expectadores ficam entediados. Em RPG isso é ainda mais evidente, pois é um jogo que muitas vezes baseia-se em ciclos.

O que quer dizer isso? Hora, vamos pegar um RPG clássico como exemplo: Dungeons & Dragons.

D&D é um jogo tipicamente cíclico e o sistema d20 é bastante favorável a combates e encontros. Você faz um personagem e enfrenta inimigos. Sobe de nível, fica mais forte e enfrenta inimigos mais desafiadores. Parece simples, não?

Então imagine o seguinte cenário: no primeiro nível você enfrenta um goblin armado com uma adaga. No combate, as ação dele é basicamente atacar com a adaga. Suponhe que quando você o mata, você sobe de nível. E aí irá enfrentar um inimigo mais forte. É outro goblin, com mais pontos de vida, o mesmo ataque com a adaga e mais dano. Considere como se o goblin sempre tivesse pontos de vida e ataques por turno com dano o suficiente pra ser um desafio pro personagem, independente das habilidades ou poderes do personagem. O que tem de errado aí? É chato.

Não importa o quanto o combate seja desafiador se ele é mais do mesmo. Você sente que ele não está progredindo e que as coisas não estão interessantes. Você pode até demorar pra perceber, mas em algum momento, vai estar cansado de enfrentar goblins com adagas e vai querer fazer algo diferente e o problema não é ser um goblinóide, mesmo se fosse um dragão vermelho ancestral, o problema continuaria.

Claro, no D&D temos uma grande diversidade de monstros, com novas habilidades e encontros interessantes, mas no fundo a parte combativa do jogo é sempre a mesma coisa: lute, fique mais forte, lute contra inimigos mais fortes. E por que continuamos jogando o jogo? Porque a forma como fazemos isso muda e isso é algo pra se manter sempre em mente ao se adaptar algum material, por mais que pareça contrasenso.

Como assim contrasenso? Ora. Se estamos adaptando um material, espera-se que seja parecido, fidedigno e próximo ao material original. Mas é por isso que é importante salientar a palavra adaptação aí.

Tome muito cuidado com participações especiais

Esse é outro ponto importante. Quando olhamos para nossos shows favoritos, é normal termos alguns personagens prediletos que adoraríamos que aparecessem em nosso jogo. E por mais que a ideia soe atrativa, é necessário muita cautela.

Esses personagens normalmente são importantes ou chave para a trama original, logo eles tem muita bagagem. Além de que, como eles são icônicos, seus jogadores podem ter uma quebra de imersão se a sua personificação deles não for exatamente como eles imaginam. Ou seja, talvez fazer o Goku aparecer em seu RPG de Dragon Ball pra ajudar o grupo não seja uma boa ideia. Se quer um cameo, tente usar um personagem menos icônico ou conhecido, que ainda te auxiliará em manter o feeling do jogo, sem tirar o foco do RPG.

Seu RPG deve estar de acordo com a história do material original

Em caso de dúvida, se lembre da lore base que você está usando. Até para perverter a lore base, você deve conhecê-la, então foque em entender bem o cenário daquilo que você se propõe a narrar. Além de claro, já ser parte do caminho andado da adaptação.

Utilize elementos de linguagem

Se a obra original tem elementos de linguagem variados, englobe-os em seu jogo. Isso pode ir desde dialetos, termos, palavras, gírias e sotaques. É algo pequeno que faz muita diferença. Considere por exemplo, narrar um Final Fantasy, ao personificar um moogle, usar a terminação kupo no final de algumas frases, imediatamente arrebata os jogadores que conhecem o cenário de Final Fantasy. As vezes é um detalhes que muita gente deixaria passar, mas é uma adição bacana pra quem repara.

Note que isso pode ser tanto algo trivial como algo muito complexo. Jogos como Warcraft e Dragon Age tem muitas línguas e dialetos diferentes, o que torna a narrativa e interpretação dos NPCs ainda mais desafiadora.

5 – Utilizando músicas

Esse é o tema do vilarejo arruinado principal do jogo, chamada Majula. E essa é a questão. É uma música iconica de Dark Souls II, mas é um tema específico de um local específico. Não só isso, é uma música que qualquer um que jogou Dark Souls II por um tempo irá reconhecer.

6 – Spin Off

7 – Escolha bem o sistema

Temos uma enorme variedade de sistemas disponíveis hoje pra se jogar em um RPG, no entanto, o sistema não deve ser o ponto mais importante do seu jogo e sim a proposta e os desafios no geral. Jogos que são mecanicamente mais intensos podem exigir um sistema semelhante.

8 –

9 – Evite apresentar pra jogadores que não conheçam a obra original

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